Tratar do tema da educação no cenário brasileiro significa debater as problemáticas que a desigualdade social histórica reverbera nos dias atuais. Nesse sentido, é necessário lidar com o abismo entre a educação na rede pública de ensino e na rede particular, tendo esta mais recursos, tanto em aspectos financeiros quanto humanos, principalmente entre as escolas e universidades frequentados pela elite econômica.

Instituições de ensino particular têm responsabilidade para com a sociedade, tendo em vista que sua omissão sobre essa situação tem como consequência promover a perpetuação da desigualdade e da segregação. Em outras palavras, o cumprimento do papel social por parte do ensino particular é, de certa forma, um pré-requisito para avançar na luta pela redução das desigualdades econômicas, de raça e oportunidade.

Em 2009 uma fraude previdenciária de mais de R$ 2 bilhões fez com que a Polícia Federal deflagrasse a Operação Fariseu, que prendeu advogados e ex-conselheiros do Conselho Nacional de Assistência Social. Em suma, as organizações processadas se utilizavam de propina e tráfico de influências para ter acesso à Certificação de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS) sem entregar as contrapartidas previstas.

Passados 13 anos, a maioria da população desconhece a CEBAS Educação, apenas 8% das 718 mil vagas previstas e pagas pelo Estado são de fato chegam nos estudantes. As poucas vagas que existem muitas vezes são com forte viés discriminatório e com caráter de benevolência, mesmo sendo pagas com dinheiro estatal. Hoje, cerca de R$ 7,3 bilhões investidos por ano em benefícios fiscais - cerca de 3 vezes o montante do ProUni - estão sendo desviados para os cofres das mais de 3.200 escolas e faculdades particulares certificadas pela CEBAS em todo o Brasil.